Tempo seco exige atenção: queimadas podem aumentar no segundo semestre
- Notícias de Dourados

- 26 de jul.
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O número de focos de queimadas caiu no primeiro semestre deste ano em comparação a 2024, mas o alerta permanece

Julho tradicionalmente é o mês mais seco e frio do ano, mas em 2025, o clima se mostra ainda mais rigoroso. Segundo o pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Carlos Ricardo Fitz, a média de temperatura na primeira quinzena do mês foi de 18 °C, abaixo da média histórica de 19 °C, e Dourados já acumula quase 30 dias sem chuvas.
A estiagem prolongada, somada aos baixos índices de umidade do ar e às rajadas de vento, acende um alerta para os riscos de queimadas, especialmente no meio rural e em áreas de vegetação. As condições climáticas que favorecem incêndios são as temperaturas acima de 30 °C, umidade relativa do ar abaixo de 30% e ventos com mais de 20 km/h.

“Em Dourados, cerca de 20% dos dias do ano registram umidade abaixo de 30%. Em agosto, esse percentual sobe para 25%, tornando-o o mês com maior risco. Além disso, são comuns registros de ventos fortes, com rajadas que ultrapassam 30 km/h”, explica o pesquisador Carlos Ricardo Fitz.
De acordo com o Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Mato Grosso do Sul, o número de focos de queimadas caiu no primeiro semestre deste ano em comparação a 2024. Entre janeiro e junho de 2025, foram registrados 7 focos, contra 26 no mesmo período do ano anterior. No entanto, no segundo semestre de 2024, período mais crítico, foram contabilizados 39 focos.
A redução é positiva, mas o alerta permanece. “Os incêndios são, em sua maioria, provocados por ações humanas, como queima irregular de lixo, fogueiras mal apagadas, bitucas de cigarro descartadas e até faíscas de máquinas agrícolas”, informa a Segundo-Tenente Leticia de Barros Solano, engenheira ambiental na Diretoria de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros Militar.
ATUAÇÃO DOS BOMBEIROS

A atuação do Corpo de Bombeiros é dividida entre prevenção e combate. Na prevenção, são realizadas campanhas educativas, orientações e vistorias. Já no combate, o uso de equipamentos e técnicas específicas é fundamental para controlar focos ativos.
Novas tecnologias também têm contribuído: plataformas online, bancos de dados e imagens de satélite permitem monitorar áreas de risco em tempo real, otimizando a resposta. O Curso de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais (CPCIF), que capacita equipes para atuar em incêndios florestais, também tem ganhado destaque.
“Em caso de fogo, a principal orientação é ligar para o 193 e jamais tentar conter grandes focos sozinho. Civis podem ajudar em focos muito pequenos com ferramentas simples, água ou abafadores, mas sempre priorizando a segurança”, destaca a Segundo-Tenente Solano.
QUEIMAS PRESCRITAS

No Mato Grosso do Sul, produtores rurais têm à disposição uma alternativa legal e segura para prevenir grandes incêndios: as queimas prescritas. A técnica, que integra o Plano Estadual de Manejo Integrado do Fogo, permite a queima controlada da biomassa acumulada nas propriedades antes do auge da estiagem.
Segundo o Tenente-Coronel Leonardo Rodrigues Congro, do Corpo de Bombeiros Militar, as queimas prescritas devem ser autorizadas pelo IMASUL - Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul, mediante apresentação de um plano técnico e um atestado de conformidade emitido pelo Corpo de Bombeiros Militar. Todo o processo é gratuito e deve ser feito com antecedência, ainda no período em que o uso do fogo é permitido.
“A ideia é reduzir o material combustível antes do pico da seca, diminuindo drasticamente o risco de incêndios descontrolados. O produtor conhece sua terra e sabe onde atuar. É uma medida técnica, planejada e segura”, explica o militar.
Contudo, devido às previsões de seca severa e altas temperaturas, o Governo do Estado anunciou que irá suspender temporariamente as autorizações para queima prescrita. A medida, oficializada por portaria, valerá de 1º de agosto a 30 de novembro, como forma de reforçar a prevenção durante o período mais crítico para incêndios.
PREVENÇÃO É RESPONSABILIDADE DE TODOS
Mesmo com tecnologias e estratégias avançadas, a melhor forma de combater as queimadas ainda é a prevenção. “Evite o uso do fogo, respeite os períodos de proibição e adote práticas como aceiros, descarte correto de resíduos e denúncias em caso de queimadas ilegais”, finaliza a Segundo-Tenente Solano.
Por: Elisa Lorini DRT 2228/MS








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