Cerca de 75 milhões de sacas da safra passada ainda não foram comercializadas. E, por conta do aumento na cotação, 15% da próxima colheita já foi vendido
Em meio à disparada da cotação do dólar, que nesta terça-feira fechou em R$ 5,66, o maior patamar desde 10 de janeiro de 2022, o preço da soja ganhou novo impulso nas últimas semanas e nesta terça-feira atingiu a cotação de R$ 130,00 em algumas regiões do Estado, o que está acima das expectativas mais otimistas do setor e a melhor cotação em mais de um ano.
A maior parte dos produtores não vai mais se beneficiar com esta alta, mas 37% da produção ainda está nas mãos dos agricultores. Isso significa que cerca de 4,5 milhões das 12,35 milhões de toneladas colhidas na última safra ainda não foram comercializadas, conforme boletim da Aprosoja divulgado nesta terça-feira (2)
Ou seja, os produtores ainda estão com cerca de 75 milhões de sacas em mãos à espera de um preço mais atrativo. E, se a comparação for feita com o começo de fevereiro, agora é o melhor momento para faturar a safra, já que naquele período a cotação chegou a ficar abaixo de cem reais.
Por conta desta alta, tem muita gente que já está vendendo a produção do próximo ano. O boletim da Aprosoja aponta que quase 14% daquilo que será plantado a partir de outubro e colhido no começo de 2025 já foi comercializado.
No começo de julho do ano passado, a cotação média da saca em Mato Grosso do Sul estava em R$ 118,00, conforme a Aprosoja. E, além da melhora no preço, de lá para cá também ocorreu recuo no custo da produção, principalmente no preço dos fertilizantes.
FONTE: Granos Corretora
Além da alta do dólar, que somente em junho subiu 6,47%, a valorização da soja na Bolsa de Chicago também está ajudando os produtores locais que conseguiram segurar parte da produção até agora.
Mas isso não significa que os agricultores estejam sorrindo à toa. Por conta da falta de chuvas, a produtividade das lavouras caiu em torno de 20% na última safra. Produção total do Estado caiu de15 milhões de toneladas para 12,35 milhões na última colheita. Isso significa quase 45 milhões de toneladas a menos na economia local.
Considerando que a área plantada aumentou em cerca de 300 mil hectares, a perda foi ainda mais considerável. No ano passado, a produtividade média por hectare foi de 62,4 sacas, conforme dados divulgados à época pela Aprosoja. Agora, foi de apenas 50,5 sacas.
E para piorar, a estiagem também está derrubando a produtividade do milho safrinha. A Aprosoja já admite queda da ordem de 15% na produtividade. Porém, nas lavouras colhidas até agora, que somam 15% da área plantada no estado, a queda na produtividade chega a 50%. Nas lavouras mais tardias, a tendência é de que a quebra seja maior ainda, pois desde o dia 25 de maio praticamente não choveu no Estado.
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