Comunidade Indígena de Dourados clama por mais segurança no trânsito
Por: Charles Aparecido DRT 2080/MS
O velório de Catalino Gomes Lopes, indígena de 52 anos, ocorreu de forma marcante. Lopes foi atropelado na manhã do dia 30 de julho enquanto andava de bicicleta no anel viário de Dourados, por uma caminhonete Hilux. Sua morte instantânea gerou comoção entre familiares e a comunidade indígena local, que se uniram para reivindicar por mais segurança na rodovia.
Claudiene Gomez Mendonça, irmã da vítima, compartilhou a dor da família. “Naquele dia, meu irmão me falou que ia trabalhar na fazenda. Na volta, foi atropelado. A gente não sabia do acidente, vimos no grupo do WhatsApp as pessoas comentando que alguém tinha sido atropelado e morreu na hora. Meu marido foi ver e era meu irmão”, lamentou.
O velório de Catalino foi realizado na BR, e o fechamento temporário da rodovia serviu como forma de protesto contra o perigo e a alta velocidade. “Nessa região passam crianças e, agora que eu já perdi meu irmão, fazer o velório e fechar a rodovia foi uma forma de pedir redutores de velocidade e mais respeito pela população indígena de Dourados”, explicou Claudiene.
João Gonçalves, sobrinho da vítima, expressou sua preocupação em relação à travessia de sua filha para esperar o ônibus escolar. “Todos os dias minha filha espera na beira da rodovia, que não possui ponto de ônibus, para ir estudar na Escola Estadual Presidente Vargas”, relatou.
Em resposta ao trágico acidente, a comunidade indígena apresentou uma série de reivindicações às autoridades, incluindo o pedido de instalação de três lombadas eletrônicas, dez quebra-molas, um ponto de ônibus e uma passarela para pedestres no anel viário. “Fizemos um abaixo-assinado e entregamos a um parlamentar para buscar uma solução. Até o momento, fomos atendidos com um redutor de velocidade instalado no local da morte do Catalino”, acrescentou João.
DETRAN
Em entrevista ao Jornal Notícias de Dourados, o agente de trânsito, José Torraca, explicou a importância dos redutores de velocidade. “No trânsito, infelizmente, temos um alto índice de sinistros. O principal fator de agravamento das vítimas, lesões e mortes é a alta velocidade. Para a mobilidade urbana segura é necessário reduzir os padrões de velocidade, especialmente onde há grande tráfego de pedestres e ciclistas. A redução da velocidade oferece ao motorista melhores condições para visualizar um perigo, ter percepção e reagir defensivamente para evitar acidentes. ”
A instalação de um redutor de velocidade no anel viário foi uma resposta rápida às solicitações das lideranças indígenas. “Aquela região foi projetada como uma rodovia Estadual para desviar o tráfego de veículos pesados do centro da cidade. Contudo, também há um grande fluxo de pedestres e ciclistas, especialmente das reservas indígenas e da área urbana de Dourados. Os ciclistas dividem espaço com veículos em alta velocidade, o que aumenta o risco de acidentes graves. A instalação do redutor de velocidade é um passo importante, e estão sendo realizados estudos técnicos para a implementação de outros implementação de outros equipamento.”
Além dos redutores de velocidade, o projeto inclui novas sinalizações educativas e orientativas, tanto horizontais quanto verticais, que alertarão sobre a presença de pedestres e o limite de velocidade reduzido. As câmeras dos radares instalados na rodovia já estão em funcionamento para monitorar a velocidade e garantir a segurança pública, permitindo a identificação de veículos.
CIDADANIA
Viviane Luiza, antropóloga e Secretária de Estado da Cidadania, comentou sobre os próximos passos em relação às melhorias na rodovia. “Neste momento, está sendo implementado o que foi acordado, como sinalização e a instalação de um redutor de velocidade no quilômetro 64, da rodovia 379. Trata-se de um projeto maior, que será licitado até outubro e iniciado no começo do próximo ano. Este processo é parte de um esforço contínuo para garantir a segurança da comunidade no local. ”
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