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Álcool no mundo acadêmico: desafios e consequências


O primeiro passo é aceitar que precisa de ajuda e o segundo é busca por um profissional para o tratamento


O consumo de álcool é uma questão complexa e controversa no ambiente acadêmico. Embora a vida universitária muitas vezes seja associada a liberdade e diversão, o uso indevido de álcool pode levar a problemas graves, afetando tanto o desempenho acadêmico quanto a saúde mental e física. Por isso, o Jornal Notícias de Dourados convidou o psicólogo Renan Pretti, Especialista em Saúde Mental e Dependência Química para abordar a temática.


“O alcool é uma porta de entrada na vida do estudante que pode leva-lo a ter contato com drogas mais fortes. Por ser comercializado facilmente, a bebida aparentemente parece ser licita e esse fator contribui para o aumento de dependência na fase que o acadêmico está vivenciando”, comenta o psicólogo Renan Pretti.


Por um lado, o álcool pode ser socialmente integrador e desinibidor, facilitando interações sociais e proporcionando momentos de descontração. No entanto, o abuso do álcool é um problema crescente nas instituições de ensino superior, levando a consequências negativas em diversos níveis.


Um dos maiores desafios é o aumento do consumo excessivo de álcool entre estudantes universitários. Festas, eventos esportivos e a pressão dos colegas podem incentivar comportamentos de risco, como binge drinking (consumo excessivo em curto espaço de tempo). Isso pode levar a acidentes, violência, comportamentos sexuais irresponsáveis e comprometimento da segurança dos estudantes.


“No meu tempo de faculdade já vi colegas em situações prejudiciais em festas, assim como fazendo uso de drogas pesadas em períodos de avaliações, contudo assim como o álcool, as drogas alteram seus sentidos e as consequências podem não ser tão boas. Quando se torna uma dependência química a socialização, memória e higiene começam a ser afetadas e é preciso buscar por ajuda”, ressalta.


Além disso, o abuso de álcool pode ter impactos significativos no desempenho acadêmico dos estudantes. O consumo excessivo pode levar a faltas nas aulas, dificuldade de concentração e baixo rendimento em provas e trabalhos. A longo prazo, isso pode prejudicar as oportunidades de carreira e crescimento profissional dos estudantes.


“O acadêmico pode ser influenciado e incentivado pelas frustações nos estudos a ter comportamentos que podem levar a prejuízos mentais e materiais. A bebida prejudica o cérebro e suas estruturas, matando conexões neurais, por essa razão, saber seus limites é fundamental para que na faculdade não seja romantizado a bebida”, diz.


O estresse e a pressão inerentes ao meio acadêmico podem levar a recorrer ao álcool como uma forma de escape, o que pode desencadear problemas de saúde mental e dependência. “A pressão social que o universitário vivencia faz com que o álcool e festas de atléticas, sejam uma válvula de escape, contudo é fundamental entender que o problema com a bebida pode ser muito antes do ingresso no mundo acadêmico, sustentar toda essa situação pode ser extremamente difícil”, comenta.


CASOS GRAVES


Renan comenta em entrevista exclusiva ao Jornal Notícias de Dourados que em casos mais graves é preciso uma equipe multidisciplinar com um psicólogo, psiquiatra e uma casa de recuperação. “O ponto de equilíbrio pode fazer o académico voltar a perceber sua realidade e a lidar com os desafios. No processo terapêutico podemos ficar até seis meses para que o estudante volte as suas atividades acadêmicas”, relata.


TRATAMENTO


Segundo o especialista para casos de consumo excessivo de bebidas alcoólicas buscar um tratamento é fundamental para aqueles que se enquadram como dependentes químicos. “O primeiro passo é aceitar que precisa de ajuda e o segundo é busca por um profissional para o tratamento”, orienta.


Para combater o problema do álcool no mundo acadêmico, é essencial uma abordagem multifacetada. As universidades devem implementar programas de conscientização sobre o consumo responsável de álcool, educando estudantes sobre os riscos associados ao uso excessivo. Essas iniciativas podem incluir campanhas de sensibilização, palestras informativas e workshops sobre habilidades para lidar com o estresse.


“O estudante precisa ter foco e saber seus limites, por isso sempre digo para meus pacientes que grandes objetivos, requerem grandes abjeções. Geralmente o acadêmico se empolga com a liberdade que está vivenciando e se esquece das consequências de seus atos. Por isso, em processo terapêutico durante os atendimentos, vemos cada pessoa com um olhar específico para realizar o melhor tratamento”, fala o especialista.


É fundamental que toda a comunidade acadêmica esteja envolvida na busca de soluções para o problema do álcool. Isso inclui não apenas as universidades, mas também os pais, alunos, funcionários e as próprias autoridades públicas. Reduzir o consumo excessivo de álcool e promover um ambiente saudável e seguro nas universidades é essencial para garantir que os estudantes possam aproveitar ao máximo sua experiência acadêmica e se preparar adequadamente para um futuro profissional de sucesso.


REDE DE APOIO


Quando se ter um dependente químico na família é fundamental que a rede de apoio dos pais seja baseada no diálogo. Segundo o psicólogo, os responsáveis devem conversar com sabedoria e abertamente para oferecerem ajuda e acolhimento. “Durante a graduação, tivemos na minha família um parente que era dependente químico, isso me abalou, e naquele período dois professores meus na faculdade me chamaram para conversar, foi quando relatei o que estava acontecendo e eles tiveram empatia com minha situação e me ajudaram com trabalhos extras para atingir as notas da disciplina”, finaliza.


BUSQUE AJUDA


• Programa “Amor Exigente”, site www.amorexigente.org.br ou pelo telefone 3421-2863.

• A.A. Grupo Dourados: R. Docelina Mattos Freitas, 3045 - Izidro Pedroso, Dourados. Telefone: (67) 3383-1854.

• Narcóticos Anônimos: R. Manoel Machado Leonardo, 170 Bairro: Jardim Flórida.

• CAPS AD CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSOCIAL DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS: Rua Gustavo Adolfo Pavel, 2.655, no bairro Jardim Vital.

• RENAN PRETTI - PSICÓLOGO CRP 14/06196-3. Telefone: (67) 99924-2307.



Texto: Jornalista Charles Aparecido DRT 2080/MS

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